1894, uma pequena cidade em formação e alguns músicos que talvez fugindo da solidão, tocavam seus instrumentos inspirados no entardecer entre as montanhas.

A vida não era fácil, a aparência era de guerreiros lutando de sol a sol para o sustento de suas famílias, mas a aparência rude e as mãos calejadas do trabalho duro, não revelava a sensibilidade que possuíam.

Mas de onde vinha a inspiração?

A fé católica era grande inspiração, tocavam solitários e sentiam grande paz ao entoarem suas melodias. As paixões amorosas também os inspiravam. Melodias ecoavam dispersas entre as montanhas levando emoção, alegria e inspiração não só aos músicos, mas também aos ouvintes. Até que Américo Costa um escrivão que também era músico, reuniu esses músicos solitários e formou uma pequena corporação. O resultado surpreendeu a pequena população, a música se tornou mais forte e harmoniosa.

O interesse pela banda levou outros jovens a buscar o aprendizado musical, o que foi bom, mas não tinham recursos, assim começaram a tocar nas fazendas da região onde recebiam doações que utilizavam para manter a associação. Era difícil, saíam a cavalo muitas vezes enfrentando mal tempo, deixavam suas famílias e chegavam a ficar semanas fora de casa. Em 1910 eles criaram a Associação Carmelitana Luminarense com a finalidade de manter e amparar a Banda que com apenas 16 anos já passava por grandes dificuldades. Mas a semente já estava plantada e era forte o bastante para sobreviver por mais de um século passando por enormes dificuldades, mas mesmo assim, marcando presença em todos os momentos importantes da história de Luminárias.

São várias gerações de guerreiros que lutaram e lutam até hoje para não deixá-la morrer. Músicos, maestros, professores que mesmo sem formação acadêmica, lecionando e ensaiando nos seus horários de folga, foram persistentes e brilhantes em sua missão. Muitas vezes passavam a noite escrevendo partituras com caneta tinteiro sob a luz de velas e lamparinas, em uma época em que até o papel era escasso. E de onde vinha essa força de vontade? Como dizia nosso saudoso Maestro Sr. Nem, “Quem canta ou toca reza duas vezes”, então foram muitas e muitas orações, e Deus ouviu e não deixou ela acabar alimentando esses músicos com inspiração e extrema força de vontade.

Hoje agradecemos a Deus e a esses persistentes músicos que permitiram que a música fizesse parte de nossas vidas até os dias atuais. São 127 anos de história que não podem ser esquecidos, mas sim reconhecidos e respeitados como cultura e patrimônio do nosso povo.

 

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