A ORIGEM DO NOME DA CIDADE DE LUMINÁRIAS...
Para alguns o nome se deve aos antigos festejos e celebrações católicas desde os primeiros povoadores no século XVIII. Outros dizem que Luminárias se refere aos pontos luminosos nas serras da região.
Ainda nos séculos XVI e XVII, segundo relatos, os “índios amigos” que aqui viviam já observavam a aparição de estranhas luzes nesta região, sobre os Índios que aqui viviam alguns estudiosos afirmam que nessa região habitavam os antepassados da Nação Kayapó (Mourão, 2007, p.41).
Nossa viagem começa às margens do Rio Ingaí, rio responsável pela visita de bandeirantes às terras de Luminárias. O Rio Ingaí foi muito usado pelos bandeirantes como referência para o caminho até a Serra da Mantiqueira (1674). A região do Rio Ingaí também era conhecida pelos bandeirantes como “Deserto Dourado” (Mourão, 2007, p.39).
Os primeiros mapas que apresentam nossa região indicam duas boas referências para a origem do nome da cidade de Luminárias. Nesses documentos antigos podemos perceber que nossa cidade se localiza ao lado da Serra das Luminárias e do Ribeirão das Luminárias. A explicação mais comum para a nomenclatura dessa região se baseia nos pontos luminosos que, segundo contam, aparecem na Serra das Luminárias.
Por volta do século XVII se encontravam aqui grandes fazendas, mas também uma pequena parada para viajantes, servindo como um ponto de referência aos desbravadores. Entre essas fazendas se destacam as que traziam em seus nomes a alusão ao antigo fenômeno da Serra das Luminárias:
Fazenda Ribeirão das Luminárias
Fazenda Serra das Luminárias
Fazenda das Luminárias
Ao longo dos anos a comunidade luminarense recebeu diversos nomes, como:
Freguesia de Nossa Senhora do Carmo das Luminárias
Carmo das Luminárias
Luminárias
Outro fato interessante, narrado em Memórias Iluminadas”, foi a tentativa de retirar “Luminárias” do nome da cidade. Isso ocorreu na metade do século XX, na época foi criada uma comisão de cidadãos luminarenses que foram até Lavras e conseguiram evitar a perda do nome da cidade na justiça. O mais interessante é que nunca se soube ao certo o verdadeiro motivo para a tentativa de mudança da nomenclatura do município.
No século XVIII, a matriarca luminarense Maria José do Espirito Santo doa parte de sua fazenda para a construção da capela do Carmo (Igreja Velha). Com a instituição da Igreja no município surge então outra versão para o nome da cidade de Luminárias. Alguns moradores locais acreditam que na verdade o nome da cidade se deve a procissão das luminárias que ocorre até hoje, em homenagem a NS do Carmo e aos primeiros festejos e ritos católicos no município. Nesse festejo os devotos confeccionam suas luminárias e saem em procissão pelas ruas da pequena cidade. Segundo Monsenhor Waldir, importante figura da história luminarense, não eram pontos luminosos, para ele, após as chuvas o sol saía e a água continuava a brotar na serra, o que daria a impressão de serem pontos luminosos, mas que na verdade seriam apenas águas.
Relatos e boatos
O curioso é que os relatos não se perderam com o tempo, alguns moradores atuais da cidade afirmam avistar luzes e bolas de fogo no alto das serras da região. Os relatos ou boatos causam inquietude nos mais curiosos, sendo a região um rico campo para incursão ufológica que tem recebido vários estudiosos sobre o assunto.
O que de fato explica o nome da região ainda pode ser um mistério. Mas o que a gente tem certeza é que Luminárias é um lugar especial, e que para além de suas águas e suas luzes, é um lugar de paz e felicidade.
A MATRIARCA DE NOSSA CIDADE
Maria José do Espírito Santo é sem dúvida uma das pessoas mais importantes da história da pequena Luminárias. Apesar de pouco sabermos sobre sua origem e sua infância, um rico material bibliográfico nos assegura muitas informações preciosas sobre sua existência e fundamental importância na construção do que hoje é o município de Luminárias, no limiar entre o Campo das Vertentes e o Sul de Minas.
Maria José do Espírito Santo era filha de Manoel Pereira Souto, seu sogro era Alexandre Pereira natural de Coimbra.
Em 1772 casou-se com Joaquim Álvares Taveira na Matriz de Sant’Ana de Lavras do Funil, e juntos tiveram 12 filhos.
Mulher branca, viúva em 1812, Maria José do Espírito Santo viveu até os 82 anos, falecendo em 1841. Durante esse período foi inventariante de todos os bens antes pertencentes ao marido, em especial, a Fazenda das Luminárias.
Sua história evidencia seus grandes feitos:
Em 1795, junto com o Juiz Doutor Joaquim da Silva Tavares, Maria escreve para o Governador e Capitão General da Capitania das Minas Gerais Visconde de Barbacena Luís Antônio Furtado de Castro do Rio Mendonça. Na correspondência ela solicita terras devolutas onde constavam matas virgens, capoeiras, campos e seus logradouros, terras que partiriam com a vizinhança de João da Costa Silva e seu marido Joaquim Alves Taveira. As terras requeridas por Maria eram antes pertencentes à sesmaria de Padre Bento, e, portanto, no Deserto Dourado. As descrições de tais terras nos mostram uma certa margem do Rio Ingaí e também sua vizinhança com a Serra da Fortaleza e o Ribeirão das Luminárias, essas informações atestam que Maria estava requerendo boa parte do que hoje é o município e a cidade de Luminárias.
Ainda em 1795, após a construção da Capela do Carmo, foram realizados os batizados de dois escravizados pertencentes a um herdeiro de Maria José do Espírito Santo. A Capela do Carmo foi construída no terreno onde se encontrava a Fazenda da matriarca, e ainda pode ser visitada em Luminárias.
Em 1812 Maria fica viúva e passa a ter controle total também sobre o patrimônio de seu marido Joaquim Alvares Taveira. Acredita-se que com o passar do tempo Maria se fortaleceu ainda mais como liderança regional. Contribuiu significativamente não só para a obtenção de boa parte do que hoje é o município de Luminárias, como também ajudou a construir o patrimônio local.
Maria José do Espírito Santo faleceu em 1841 aos 82 anos na Fazenda das Luminárias. Em seu testamento ela distingue com detalhes cada um de seus patrimônios e legado, Maria ainda abole escravizados em seu último documento e nos deixa um rastro de sabedoria e personalidade.